CUIDAR COM ARTE
Por Ligia Diniz
O terapeuta não cura, ele cuida.
Jean Yves-Leloup
Para iniciar, apresentamos a Fábula do Cuidado. Tal fábula foi recontada por Gaius Julius Hyginus, que viveu por volta de 50 a.C
Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma ideia inspirada. Tomou um pouco do barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.
Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém, Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.
Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da Terra. Originou-se então uma discussão generalizada.
De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa: “Você, Júpiter, deu-lhe o espírito, receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura.
Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta seu corpo quando essa criatura morrer.
Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil.” (apud BOFF, 2004. p. 46).
Leonardo Boff (1999, p. 89), em seu livro Saber cuidar: ética do humano- compaixão pela terra, traz a ideia, a partir dessa fábula, de que o cuidado é anterior ao ser humano, inerente à própria dinâmica da existência: “o cuidado possui uma dimensão ontológica que penetra na constituição do humano […]é um modo de – ser singular de homens e mulheres. Sem ele, deixamos nossa humanidade.”
Etimologicamente, cuidado significa cura. Nas línguas latinas, segundo Boff, há a expressão “cura de almas” para designar o sacerdote que cuida do bem espiritual das pessoas e as acompanha em sua trajetória com dedicação.
O cuidado surge na medida em que damos importância à vida como um todo e à vida de seres em particular, à qual se dedica tempo e zelo. Participa-se dos movimentos desses seres, vislumbrando suas procuras, seus desvelos, seus, infortúnios e bons momentos. Cuidado e atenção complementares centram-se na dinâmica de outrem com solicitude, em uma relação sujeito-sujeito. (BOFF, 2004, p. 95). Cuidar é estar em sintonia, perceber o ritmo e a dinâmica do ser cuidado, respeitar-lhe e permitir-se o sentir, o acolher, estar afetuosamente junto com o outro. O “cuidado é aquela força originante que continuamente faz surgir o ser humano”. (BOFF, 2004, p.101).
Em cuidado, os seres humanos podem perceber o que realmente tem importância, segundo Boff, aquilo que tem valor em si, que conecta a tudo e a todos. Quando estamos na relação do cuidado, há uma religação com o outro e com o todo, que remete “a um derradeiro Elo, que tudo religa, sustenta e dinamiza”. É a partir da compreensão de um modo de ser no mundo voltado para o cuidado que o trabalho, seja qual for, especialmente o terapêutico, requer uma nova forma de entendimento e realização. O trabalho é incorporado no afeto – que nos proporciona a sensibilidade a tudo o que está a nossa volta – envolvimento e encantamento.
A fábula nos diz: “esta criatura será chamada Homem […] feita de húmos, que significa terra fértil”. Roberto Crema (apud LELOUP, 2007, 9. 12-13) acrescenta que o nome homem possui a mesma raiz que a palavra húmus, da virtude humildade, “arte de ser do tamanho que somos, nem maiores, nem menores”.
Ser realmente quem somos é o que Jung (apud SAMUELS et al., 1988) chamou de Individuação: “uma pessoa tornar-se si mesma, inteira, indivisível e distinta de outras pessoas ou da psicologia coletiva (embora também em relação com estas).”
A individuação é a busca de realização de potencialidades inatas no ser humano. Todos nós possuímos a centelha para a realização do que existe em nós, um contínuo completar-se. O processo de individuação se dá em um movimento de circunvolução a um novo centro psíquico, que Jung denominou self – quando consciente e inconsciente se ordenam em torno do self a personalidade se completa. A denominação self não cabe unicamente ao centro, mas à totalidade da psique. “O homem torna-se ele mesmo, um ser completo, composto de consciente e inconsciente, incluindo aspectos claros e escuros, masculinos e femininos, ordenados segundo o plano de base que lhe for peculiar”. (SILVEIRA, 1984). A meta do ser humano para Jung é a individuação, ou seja, tornar-se aquilo que potencialmente veio para ser. Essa busca ao mais íntimo de nós é intrinsecamente ao gênero humano.
O terapeuta auxilia o sujeito em seu processo de individuação, que é o caminho de diferenciação, desenvolvimento da personalidade individual – única e incomparável – o percurso para encontrar o si-mesmo.
O terapeuta é um dos cuidadores, ou seja, é aquele que cuida. Como o ser humano é composto por um corpo-soma, uma alma-psique, um espírito-nous, cuidar do ser humano é cuidá-lo nessa integralidade, em todas as suas dimensões: corporal, psíquica e espiritual. Portanto, o terapeuta é quem cuida do homem em sua totalidade, visando o reconhecimento do ser que é, nesse caminho para a individuação – jornada que cada indivíduo percorre para tornar-se ele mesmo.
Como afirma Jean-Yves Leloup (1988), o terapeuta “não é apenas um médico, nem somente um psicólogo, não é exclusivamente um sacerdote; mas deve manter unidas, ao mesmo tempo, todas essas competências e escutas”.
O cuidador é um facilitador para que o outro se dê conta da possibilidade de comunhão e participação no “mistério do Todo”, conhecedor da razão do coração – o espírito da delicadeza. Permitindo que, como diz Boff, o sentimento esteja no cerne do convívio.
O arteterapeuta realiza seu ofício por meio da arte, fornecendo suporte e materiais adequados para que a energia psíquica torne visíveis símbolos de criações diversas. Sendo este um processo delicado, no qual as filigranas de transformações cotidianas são observadas atentamente, no qual a noção de cuidado paira de forma gentil, firme e contínua.
A arte de cuidar e a criatividade são atividades humanizadoras, que nos aproximam do ser total. Portanto, o arteterapeuta está em meio a duas atividades que visam promover a saúde em seu sentido integral. Por meio da arte podemos ter esse olhar sobre o ser em sula totalidade, lembrando que não se pode separar o que a própria vida uniu: o corpo, a alma e o espírito. Autoconhecimento e criatividade estão intimamente relacionados. A arteterapia promove o aparecimento e a conscientização da criatividade, facilitando, portanto, ao indivíduo alcançar sua singularidade.
E, arteterapia, a manifestação do “eu” se dá por meio do pintar, desenhar, representar, entre outras possibilidades. Cuidar, em arteterapia, significa proporcionar um espaço para a revelação de sentimentos, uma abertura para a vida e sua miríade de possibilidades.
Os materiais e técnicas são instrumentos facilitadores do processo criativo e transformador da personalidade. Mas é sua associação com o cuidado que facilita a assimilação de conteúdos externos e internos, conduzindo à ampliação da consciência. A arteterapia propicia um contato direto com a percepção via órgãos sensoriais, integra a sabedoria intuitiva, os sentimentos inscritos na memória corporal, espiritual e psíquica e o racional, favorecendo a simbolização. A arte tem, em si, uma possibilidade de tradução de imagens e representações mentais em expressão, trazendo o mundo interno para o concreto e possibilitando ao sujeito visualizar concretamente sua transformação. Enquanto arteterapeutas, levamos a noção do cuidar no cerne de nosso ofício, já que tal jornada é um mergulho no inconsciente, na sua manifestação da atemporalidade do inconsciente, antecipando acontecimentos e trazendo o reprimido ou desconhecido – processo poderoso e movedor, que necessita de uma sensibilidade investida pela noção de cuidar.
O modelo holístico de psicologia vai até um nível transpessoal e sustenta que a psique se estrutura em múltiplos níveis: ego, nível bissocial, existencial e o já citado transpessoal. Em qualquer desses níveis a psique é uma totalidade que se autorregula. Cuidar significa acompanhar e ancorar o processo que leva transformações possíveis para cada ser, porque a energia psíquica precisa encontrar espaços de representação e integralidade no psiquismo – e uma atenção cuidadosa e afetiva que acolhe esse caminhar desprovido de julgamentos.
Arte e a psique
“O artista é um homem coletivo que exprime a alma inconsciente e coletivo da humanidade”.
Carl Gustav Jung
“A própria vida é o processo criativo por excelência.”
Carl Gustav Jung
O processo analítico é veículo para uma escuta atenta à alma, tudo o que se faz com arte tem a alma como presença. A arte utilizada no processo terapêutico revela a riqueza inconsciente dos sujeitos, e sendo uma linguagem simbólica torna-se um instrumento eficiente para acessar a alma humana.
Como sabemos, a psique, segundo Jung (1988a), abrange dois níveis: consciência e inconsciente. A primeira reúne pensamentos, palavras, identidade, lembranças, sensações, gestos, sentimentos, imagens e fantasias – é o estar desperto, atento, registando tudo o que acontece exterior e interiormente – sendo, portanto, depositária da história do indivíduo. É a consciência que situa o sujeito no tempo e no espaço, e regula todas as relações entre cada ser e o meio que o cerca.
O inconsciente é a matriz pré-formadora da consciência, abrangendo, também todos os conteúdos não conscientes. Presente nas funções instintivas mais importantes, fonte legítima das potencialidades do ser, origem da atividade criativa e artística, é o centro essencial que nos une. O inconsciente é imenso e sempre contínuo, a consciência é constrita à visão momentânea.
Jung (1988a) subdivide o inconsciente em inconsciente pessoal ou psique subjetiva e o inconsciente coletivo ou psique objetiva – o primeiro, adquirido durante a vida de uma pessoa; e o segundo, presente desde a concepção, sendo a camada mais profunda da psique, formada pelos materiais herdados da humanidade.
Os instintos e as formas estruturantes comuns a toda a espécie humana, que Jung denominou arquétipos, se encontram no nível do inconsciente coletivo. Os arquétipos são padrões de comportamentos coletivos e manifestam-se em motivos mitológicos universais, legados por algumas experiências fundamentais em nossa história enquanto espécie. Podem ser compreendidos, também, como padrões hereditários de comportamento psíquico, revestidos por qualidades dinâmicas, como autonomia e numinosidade – ganham forma por meio da imagem arquetípica e do símbolo, que é acessível à consciência. Toda herança espiritual da evolução da humanidade, concentrada no inconsciente coletivo, renasce na estrutura do cérebro de cada indivíduo.
Os complexos são feixes de conteúdos afetivos, espécie de “nó” energético: sentimentos, lembranças, imagens, padrões de comportamento e atitudes pessoais – reunidos em torno de um núcleo arquetípico, que funciona como polo energético, atraindo mais conteúdos referentes a ele; dotado de energia própria, tende a formar uma fisiologia particular. A consciência fica obscurecida quando se depara com um conteúdo complexado, pois o complexo tem autonomia de ação e desenvolvimento; ele pode tomar a consciência, subordinando o ego, e o indivíduo vive em função do complexo e tem a tendência de perceber o mundo a partir do universo complexado. Sua superação é possível a partir da intensidade em que é vivido, da compreensão do seu papel nos padrões de comportamento e reações emocionais. O complexo possibilita a movimentação da psique e pode tornar-se aliado do sujeito, impulsionando o desenvolvimento psíquico. São os aspectos desafiantes que nos impelem e vitalizam.
Na prática da psicologia analítica, todo e qualquer objeto pode se revestir de valor simbólico, sendo ele natural/concreto ou abstrato – o símbolo manifesta algo que nenhuma palavra pode exprimir. O símbolo é uma forma de dizer algo que não pode exprimir. O símbolo é uma forma de dizer algo que não pode ser apreendido de outra forma, não podendo, portanto, ser totalmente explicado, dando-se à renovada decifração. O símbolo traz sentido oculto de uma situação concreta para a consciência e possibilita inúmeras percepções, alcançando dimensões que escapam ao racional -ele apresenta facetas diversas, com significado vários, que estão além de sua representação imediata.
O símbolo nasce da própria alma e surge do conflito psíquico inerente a esta. Conjuga, de um lado, o arquétipo, fonte de sua numinosidade em si mesmo irrepresentável; de outro, apresenta uma imagem concreta, retirada de seu contexto e que, ao revestir e dar forma ao arquétipo, de certo modo também lhe dá existência, diferenciando-o do caos do inconsciente de onde se origina, como que realizando o próprio ato cosmológico da criação. Por fundar-se na gênese da alma humana, o símbolo adquire a capacidade de tocar interiormente o homem e mostra-se carregado de afeto (DINIZ, p.29, 2009).
Graças a sua capacidade de síntese, o símbolo permite que o consciente e o inconsciente realizem uniões momentâneos dos opostos e formem uma totalidade. As técnicas expressivas utilizadas em arteterapia facilitam que a linguagem simbólica venha a emergir, dando acesso a imagens do inconsciente. A arte é, muitas vezes, expressão de conteúdos profundos da alma humana, instrumento essencial para o desenvolvimento da espécie. E, por possibilitar a expressão de conteúdos conflitivos, traumáticos possui efeito terapêutico e auxilia na decifração do universo interno.
Através do processo criativo, estabelece-se uma ponte entre extrapsíquico e o intrapsíquico, que pode vir a curar a dissociação entre as revelações internas e externas. Ao criar uma obra, estabeleço uma relação extrapsíquica com esse objeto e simultaneamente uma relação intrapsíquica com o conteúdo que a originou; a imagem passa a ser viva, atuante e poderá ter eficácia criativa. (DINIZ, p.34,2009).
Por meio das expressões criativas em arteterapia, que facilita o acesso ao mundo das emoções, pode-se, também, confrontar imagens sombrias. O ato de criar proporciona oportunidade de a imaginação desenvolver-se livremente, permitindo ao indivíduo participar concretamente do produto imaginado. O exorcismo das imagens ameaçadoras reduz seu impacto, tornando-as menos aterrorizantes. “A arte, portanto, despotencializa a carga emocional dessas imagens e facilita tanto sua decodificação quanto a reorganização interna e a reconstrução da realidade.” (DINIZ, p.35,2009).
Os recursos e técnicas são utilizados de forma integrada ou isolada, conforme a necessidade de cada paciente, entrando aqui a noção de atenção cuidadosa. O objetivo é favorecer a amplificação do símbolo – buscando compreendê-lo melhor, utilizando técnicas e materiais para gerar novas realidades e uma ampliação dos significados – ou sua circumbulação: os materiais e técnicas propõem novos recursos para a exploração de outras representações, trazendo um novo sentido ao conteúdo expresso. (DINIZ, 2009).
A arteterapia, sob a ótica junguiana, parte do princípio de que a vida psíquica tem um direcionamento inato à organização e que o processo terapêutico por meio da arte poderá dinamizar essa tendência.
“A arte usada no espaço clínico é uma técnica privilegiada por nos reconectar com espaços perdidos de nossa alma”. (MONTEIRO, p.17, 2009).
Arte e o soma
[…] o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do corpo, e não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito.”
José Saramago
A individuação adquire também uma dimensão corpórea, pois como o self engloba a totalidade do ser, engloba, portanto, o corpo.
No corpo experienciamos a vida. Reich afirmava que o corpo é inconsciente visível, é o lar de profundas memórias. O corpo se recorda de todos os momentos vividos. Nele, nada é esquecido; sua memória é sempre muito viva e respondente.
Jung diz que a individuação só pode ocorrer quando retornamos ao corpo. “Qualquer coisa experimentada fora do corpo, num sonho, por exemplo, não é experimentada, a menos que a “incorporemos”, porque o corpo significa o aqui e agora.” (JUNG apud ZIMMERMAN, 1930, p.7).
Assistimos, na contemporaneidade, a uma mudança paradigmática na psicologia: abandona-se o paradigma cartesiano em prol de um paradigma holístico.
O novo paradigma contrapõe-se ao antigo por ser: finalista, sistêmico e abrangente. Nele, corpo e mente formam uma unidade dinâmica, não mais dissociada. Os princípios do modelo holístico já se encontram no método psicoterápico proposto por Jung.
Jung explicitou a relação corpo-mente ou psique-soma dentro da visão unicista, colocando essas duas realidades como cara e coroa de uma mesma moeda. Para ele, “A psique e a matéria são aspectos diferentes de uma única e mesma coisa.” (JUNG, 1991, p.152).
A cisão psique-corpo tira vida do indivíduo, tanto física quanto psíquica. Quanto maior essa cisão, maior será nossa capacidade de adoecer. Para Ramos (1994, p.54)., “Toda e qualquer doença tem uma expressão no corpo e na psique simultaneamente”.
A totalidade mente-corpo e a interconexão dos fenômenos normais e patológicos que ocorrem em ambos os sistemas, o físico e o psíquico, tem como referencial o conceito acausal de sincronicidade desenvolvido por Jung (Ramos, 1990).
Segundo esse autor, no inconsciente psicoide está o nível mais profundo do inconsciente, que possui propriedades em comum com o mundo orgânico – psicológico e fisiológico podem ser considerados como duas faces de uma mesma moeda. Portanto, o nível psicóide não é nem totalmente psicológico nem totalmente fisiológico. Com a noção junguiana de arquétipo psicoide, fica claro que matéria e espírito são indissociáveis. Psique e corpo forma uma unidade funcional que pode se manifestar simultaneamente na sua saúde e na doença. O sintoma físico pode ser compreendido como um símbolo que expressa uma dissociação e revela um caminho – um apelo do inconsciente que se manifesta corporalmente abrindo uma possibilidade de resgate. Quanto mais se amplifica o campo da consciência, mais saudáveis ficamos. Desse modo, o símbolo é o veículo transformador de energia entre diferentes sistemas – orgânico-psíquico-almejando alcançar a consciência.
Segundo Jung (1991), todo represamento de fluxo da libido desencadeia sintomas, sejam eles físicos ou psíquicos. Várias são as possibilidades de trazer para a consciência essa libido reprimida; dentre elas destacamos as técnicas expressivas que possibilitam a mobilização da energia através de uma forma simbólica e, à medida que toma forma, que se expressa, vai propiciando a visualização dos símbolos facilitando a sua elaboração. Jung descreveu vários métodos de amplificação, nos quais pode se realizar a transição entre conteúdos inconscientes, sintomas orgânicos ou emocionais, para o plano consciente. Recursos como a imaginação ativa, pintura, argila, desenho, dentre outros, instrumentos da arteterapia.
O sintoma orgânico corresponde a uma cisão na representação de um complexo, no qual a parte abstrata psíquica não chegou a ser desenvolvida ou foi reprimida. A arteterapia auxilia na descoberta e na integração da polaridade abstrata dos complexos envolvidos, ou seja, a polaridade que não se fez como representação psíquica. Sabe-se que o processo psíquico desenvolve seu dinamismo por intermédio da imagem simbólica. Para Jung, o símbolo é sempre polissêmico, portador de sentido e transformador da psique, recomendando o “andar em volta do símbolo” – o “circumbulation” – sem reduzi-lo por interpretação. Conforme já vimos, a arteterapia que se utiliza de técnicas expressivas para amplificação, leva a esse movimento de circunscrever o símbolo sem interpretá-lo, sem reduzi-lo, ao contrário, amplificando-o.
O paciente somático está mergulhado no corpo real, esfera específica do arquétipo da Grande Mãe, em que não há representação mental para o sintoma. O arquétipo da Grande Mãe, predomina no universo da criança em seu primeiro ano de vida, período pré-verbal, no qual o acolhimento, a nutrição e o conforto físico são fundamentais na organização da personalidade. Falhas na vivência do arquétipo da Grande Mãe levam a sérias disfunções em níveis arcaicos, como psicose e somatização.
À medida que há falhas nessa função materna, a criança vai cada vez mais deixar de fazer a evolução da função simbólica para o nível abstrato e vai fixar o símbolo no concreto, no corpo. A arteterapia tem uma sintonia com o arquétipo da Grande Mãe, pois se utiliza de técnicas não verbais, facilitando ao paciente fazer uma representação mental, ou seja, uma imagem simbólica que possa levá-lo a uma transformação do todo. Para Byington (1993, p.138):” As técnicas expressivas favorecem muito a constelação do dinamismo matriarcal na análise, enquanto que a elaboração racional pode favorecer o dinamismo patriarcal, em detrimento desta vivência básica matriarcal”.
As doenças são como mensagens que enviamos a nós mesmos para que possamos nos curar.
A doença (sintoma) é um esforço do corpo para se curar. Jean-Yves Leloup lembra que na língua francesa a palavra maladie (doença) é “uma palavra em nós que não consegue ser dita, ser expressa, será falada através dos sintomas.
Determinadas doenças surgem para mostrar a necessidade de uma nova direção na vida do indivíduo. Uma doença serve para recolocar a pessoa em seu eixo, na busca de sua totalidade. “Há aqueles que representam o papel que lhes é pedido, mas o Ser verdadeiro não está neles. Neste caso, ocorre uma espécie de mal-estar, que pode gerar uma doença”. (LELOUP,1998)
O nosso corpo é a sede da morada do Eu Superior no nosso mundo. A chamada visão holística passa por uma maior abrangência, compreensão e assimilação do ser humano, das coisas ao seu redor, e do Divino em nós. E o Divino, o Espiritual, a alma, a Essência, a Energia Primordial, a Alma do mundo, não importa o nome que empregamos, importa saber que esta “Chama” habita o nosso corpo, e por meio dele se expressa… Nosso corpo carrega mistérios e expressa com a energia vital em seus movimentos, a centelha divina que habita em nós! (ZIMMERMANN,2009, p.126).
A doença, então, não é um desvio em nosso caminho, pelo contrário, ela direciona nossa vida para um caminho que levará a uma vida mais saudável e plena.
O corpo, segundo Jean-Yves Leloup, é um templo onde outros corpos mais sutis se abrigam:
Quando você toca alguém, nunca toca só o corpo. Quer dizer, não esqueça que você toca uma pessoa e neste corpo está toda a memória de sua existência. E, mais profundamente, quando você toca um corpo, lembre-se que você toca um Sopro, que este Sopro é o sopro de uma pessoa om seus entraves e dificuldades e, também, é o grande Sopro do Universo. Assim, quando você toca um corpo, lembre-se que você toca um Templo. (LELOUP, 1998).
Arte e o nous
“Quem quer que mergulhe nas profundezas de sua arte, em busca de tesouros invisíveis, trabalha para erguer essa pirâmide espiritual que chegará ao céu”.
Wassily Kandinsky
O Aspecto espiritual da libido é fundamental no pensamento junguiano, como uma realidade intrínseca, arquetípica. O para Jung, a religiosidade é uma função natural, inerente à psique. É um fenômeno universal e genuíno, e não algo aprendido – é uma busca de significado.
A religiosidade, para Jung, é a experiência, algo que nos toca e transforma. Não se trata de uma religião específica, uma instituição, que possui moral, formas de crer e normas, mas sim de encontro com o Divino.
A palavra religião significa religar, tornar a ligar, e nesse sentido que Jung a utiliza. Religar o inconsciente, vivenciando, assim, o numinoso. Esse contato com o numinoso foge inteiramente à nossa vontade, embora algumas pessoas o busquem por meio de drogas, práticas religiosas e outros caminhos. O numinoso não pode ser conquistado, o indivíduo pode somente abrir-se para ele. “Trata-se de substituir uma atitude egocentrada por uma atitude teocentrada, implicando uma autêntica metanoia, a abertura do Ser criado ao Ser iniciado”. (LELOUP,2003, p.213).
O numinoso introduz-se na presença do absoluto ou do incriado que nós somos – na linguagem de Jung, o self. Abrir-nos ao self e deixar-nos apreender por uma profundidade mais pura que nos fala por meio dos meandros do inconsciente e do consciente, lembrando-nos de que o ego não é tudo e de que todas as suas representações do Real não são o Real.
Um dos espaços privilegiados de manifestação do numinoso são as vivências experienciadas por meio da arte. A arte pode nos proporcionar um encontro com o numinoso – ao apreciá-la, ao escutar uma música, ao ler uma poesia, ao olhar uma pintura, podemos ter esse momento em que a presença nos toca.
O transcendente pode nos falar através da arte, não só como aquele que vê o objeto de arte, mas quando estamos criando, quando somos artistas; neste momento, abandonamo-nos pelo invisível e pela manifestação de sua presença.
[…] nem sempre o privilégio consiste em escutar música, mas ter a possibilidade de tocá-la; nem sempre é olhar os quadros, mas ter a possibilidade de pintar; não somente ler ou escutar um poema, mas ter a possibilidade de escrevê-lo. Neste caso, posso sentir-me visitado por um sopro mais amplo de que o meu, sou “inspirado”: já não se trata do ego, mas da dança – sou movido pela dança; tal situação, talvez dure somente um minuto, misteriosa coincidência do homem com o mais profundo de si mesmo, “transcendência imanente” a que será atribuída o nome de Musa ou Gênio (LELOUP,2001, p.55).Por meio da arteterapia, entra-se em contato com a arte não como meros expectadores, mas como criadores. E nesse momento atingimos algo maior, essa transcendência imanente a que se refere Jean-Yves Leloup.
A arte é um meio de reunião do indivíduo com o Todo, como afirma Jung:
Por meio da arte, se toca as regiões profundas da alma, salutares e liberadoras, onde o indivíduo não se segregou ainda na solidão da consciência, seguindo um caminho falso e doloroso. Tocou as regiões profundas, onde todos os seres vibram em uníssono. (JUNG, vol. XV, p.93, §161, 1991).
O numinoso engloba os opostos: fascinorum, que nos prende pela sua grande beleza e significado liberador, e mysterium tremendum, que pode nos destruir, nos fragmentar. A arte é facilitadora do encontro com o numinoso, em seus dois aspectos, tanto no que fascina quanto no que pode destruir.
A arte facilita o encontro com o numinoso, tanto nos conteúdos internos quanto nas situações externas, muitas vezes além da nossa compreensão.
A experiência do arquétipo da divindade causa um impacto muito forte que o ego às vezes não aguenta. Algumas pessoas saem feridas, outras supervalorizam essa experiência, outras negam e poucas sobrevivem e conseguem exprimir esse encontro com o Divino.
Por meio da arte podemos deixar essa emoção fluir e ser expressa. O trabalho expressivo oferece continente e também despotencializa essa energia tão forte que advém desse encontro com o numinoso – é emoção de quase impossível descrição. Não há explicação, mas traz sempre uma mensagem misteriosa, enigmática e profundamente impressionante.
Escrevendo uma poesia, tocando uma música, pintando ou dançando, somos capazes de trabalhar com forças interiores que, se permanecessem inconscientes, poderiam nos esmagar. Assim, não fugimos nem evitamos o que está nos perturbando, ao contrário, “nós nos confrontamos munidos de um novo referencial” (NACHMANOVITCH,1993, p.166)
O numinoso não pode ser definido ou compreendido, mas pode ser sentido e, por meio da arte, praticado. O ser humano se sente parte do universo e com ele conectado por meio da arte, podendo vivenciar o outro e, diante dessa suprema alteridade, entrar sem um estado místico:
A mais bela e profunda emoção que pode ser experimentada por nós é a sensação mística. É o princípio de toda verdadeira ciência. Quem já não sabe ficar encantado ou verdadeira ciência. Quem já não sabe ficar encantado ou terrificado como se estivesse morto […]. (EINSTEIN apud BABEL).
Essa experiência do numinoso e do Divino no universo, na vida e na interioridade humana é testemunhada desde os primórdios da humanidade. E a arte vem sendo a expressão dessa experiência, desde as cavernas até os nossos dias.
Vicent Van Gogh descreveu, em Cartas a Théo, com sua simplicidade e maestria, o encontro com o numinoso que a arte pode proporcionar: “Procure entender a fundo o que dizem os grandes artistas, os verdadeiros artistas, em suas obras-primas, e encontrará Deus nelas. Um terá dito ou escrito um livro, outro, um quadro.”
CONCLUSÃO
“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos.” Carl Gustav Jung
O ser esta no âmago de nós, pois já somos. Alienamo-nos desse ser essencial em função de acordos, muitas vezes subliminares que travamos com a família e com a sociedade – somos levados a representar papéis. Afastando-nos de nossos fundamentos arquetípicos de nossa potência, de nossa alma, acabamos por adoecer.
Todos os problemas, sejam eles somáticos ou psíquicos, decorrem de uma não integração com o self. A doença pode ser entendida como uma forma de demonstração do quanto nos desviamos de nosso caminho, de nós mesmos – uma vida apartada de nossa verdade interior.
A transformação se dá a partir de um centro saudável que nos leva a buscar esse ser que somos, de forma singular, únicas, prenhe de inteireza. O terapeuta é aquele que, a partir de um trabalho imbuído do cuidado, auxilia cada pessoa a encontrar seu próprio “ferramental” para o retorno a esse lugar em si mesmo, no qual o germe da totalidade pode vir a florescer. Cada qual terá sua forma própria de estar em sua jornada e o terapeuta é aquele que acompanha o indivíduo nessa trajetória – atento ao canto que emana de ser corpo-psique – uma escuta e um olhar perpassado pela noção do cuidar.
O encontro com o sublime é feito através do corpo-alma que somos. Para tal ventura, precisamos estar sob a égide do cuidado conosco mesmos, com o próximo, com a terra na qual vivemos. Cuidar é, entre outras coisas, atentar ao outro com “olhos” de aceitação, acolhimento e afeto. Aos vários outros com os quais nos deparamos na vida podemos ofertar um relacionamento baseado na noção do cuidado, que nos coloca no “tempo da delicadeza”, em que o outro faz parte de nós, não por fusão, mas porque estamos, todos, diante do mesmo sopro.
O cuidado expressa o caráter primacial dos páthos e da emoção […] essa origem (do ser humano) não é apenas o começo temporal. A origem tem sentido de fonte donde brota permanentemente o ser, portanto, significa que o cuidado constitui uma presença ininterrupta, em cada momento e sempre, na existência humana. (BOFF, 2004, p.101)
O cuidado é um processo de dedicação contínua, de discernimento, de atenção, de criação e manutenção de vínculo; é, antes de tudo, o interesse genuíno no outro. A partir dessa relação percebemos e vivemos a comunhão com todas as coisas – estar diante do espírito (sopro) para além dos limites visíveis, em tudo o que há.
Durante o processo analítico, atentos ao ser em sua totalidade, o acompanhamos em sua jornada. Nosso ofício de arteterapeuta está voltando para as expressões criativas, as quais estimulamos por meio de técnicas e do afeto, visando promover a saúde em sua integralidade.
A comunicação entre o desperto da consciência e sua matriz pré- formadora – o inconsciente – é o vetor das potencialidades do ser. O processo de individuação não exclui a dimensão corpórea porque é no corpo que a experiência se realiza, afinal, corpo-psique é uma unidade dinâmica da qual nos aproximamos, enquanto terapeutas, com uma prática holística – abordagem que se dirige a inteireza do sujeito. Um cuidador com tal visão considera a singularidade do indivíduo, e sua totalidade, compreendendo que a psique se expressa no corpo e o corpo se expressa na psique – desse modo, sua escuta é física, psíquico e espiritual.
A arte terapêutica é mais que médica; é integral, portanto, profundamente espiritual […] Cuidar de nossa saúde significa manter nossa visão integral, buscando um equilíbrio sempre por construir entre o corpo, a mente e o espírito e convocar o médico (corpo), o, terapeuta (mente) e o sacerdote humano (BOFF, 2004, p,147,)
Na arteterapia com referencial junguiano, os símbolos são parte do processo de autoconhecimento e transformação. Conectam a essência de cada ser, atuando diretamente no eixo ego-self e apontando o rumo para o qual a energia psíquica se direciona. São, assim, os norteadores do caminho que o arteterapeuta deve seguir. Cuidar do outro em arteterapia é levá-lo a se perceber como fonte. O arteterapeuta diante do mistério que qualquer pessoa é, busca auxiliar com sutileza, respeito e arte, o encontro com esse ser essencial que nos habita.
Ligia Diniz
Psicóloga Junguiana e Arteterapeuta. Bacharel em Artes Cênicas pela UFRJ. Ex-presidente da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, com mandato concluído em 2020. Coordena o Curso de Formação em Arteterapia do Espaço Terapêutico Ligia Diniz: Linguagens da Alma.
Referências
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